Orixá


  • Descrição

Termo usado nos gêneros masculino e feminino para designar, genericamente, cada uma das divindades da tradição iorubá cultuadas na África e nos países da Diáspora. 

Segundo algumas interpretações, os orixás representam forças da natureza emanadas do Ser Supremo. Alguns são cultuados como manifestações, desdobramentos ou qualidades de sua condição original. Exemplo: Oxalá é cultuado como Oxaguiã, idealizado como um jovem vigoroso, e também como Oxalufã, tratado com mais cuidados, porque idoso e lento. E isso ocorre também com outros orixás, como Iemanjá, Oxum, Iansã etc. Outra interpretação sobre a natureza dos orixás é a de que alguns tiveram vida terrena, sendo divinizados após a morte, por sua importância como ancestrais de suas respectivas comunidades, caso de Odudua, Ogum e Xangô. 

Poucos dos orixás hoje conhecidos foram cultuados em todo o território dos falantes da língua iorubá. Isto porque o culto a um ancestral divinizado era limitado ao seu grupo, a sua aldeia, cidade, reino etc. Neste caso, paradoxalmente, o escravismo foi veículo de união, aglutinando, nas Américas, cultos de divindades cujos seguidores, na África, seriam naturalmente rivais ou inimigos. 

Além de orixás, a tradição iorubana refere outras entidades sobrenaturais, designadas como eborásirumalés, algumas conhecidas apenas de forma genérica[1]. No Caribe, por sua importância, o conjunto constituído por Exu (Eleguá), Obatalá, Xangô, Ogum, Orumilá, Iemanjá e Oxum costuma ser mencionado como as “Sete potências africanas”[2].

Nos candomblés bantos, os termos nkisi (inquice) ou mukixi correspondem às entidades e às energias cultuadas nos candomblés Congo-Angola. As inquices não se associam a figuras históricas e podem, além disso, assumir qualquer forma ou conteúdo, desde que manipuladas por um Nganga, sacerdote. A mesma palavra significa, ainda, cura, remédios, assentamentos e raiz, derivando de Kinsa, que denota cuidado e também ancestralidade. 

[1] Cf. ROCHA, Agenor Miranda. A nação Kêtu: origens, ritos e crenças: os candomblés antigos do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Mauad, 2000, p. 55.

[2] GONZÁLEZ-WIPPLER, Migene. Santería: caribbean magic cults. New York: Doubleday, p.177.