Identidade
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O conceito de identidade refere-se à forma de identificação individual ou coletiva que denota pertencimento a grupos sociais ou culturais. As identidades não são fixas, nem rótulos ou essências: são construídas em contraste, em contextos situados, em relação dialógica e na alteridade.
A identidade promove a identificação de alguém quando marca singularidade ou pertencimento grupal. Ou seja, pode referir-se à dimensão individual, isto é, a unicidade do sujeito, e às características sociais e culturais de um determinado grupo. Pode ser a construção do “eu” ou o que constrói o “nós”. Independentemente da perspectiva, a construção da identidade passa pelo contraste com o outro. Alguns exemplos são notáveis, como: nós, os ocidentais; eles, os orientais; nós, os brancos; eles, os negros. O conceito de nós, em geral, é definido por pertencimentos nacionais, étnicos, raciais, de gênero, de religiosidade, de região, de sexualidade, de classe, de sotaques, de geração, preferências musicais, ocupações e carreiras profissionais, de gosto estético, de preferências esportivas, dentre outros.
As identidades não são fixas e estáticas no tempo. Isso significa dizer que sujeitos podem se constituir por meio de múltiplas identidades, como mulher negra evangélica ou mesmo homem branco cisgênero. Esses exemplos mostram que as categorias de gênero, de cor e de sexualidade são mobilizadas para classificar ou identificar um dado sujeito, seja por ele mesmo (autoidentificação), seja por outros (heteroidentificação). Nem sempre há convergência entre ambos, podendo existir conflitos, especialmente quando as identidades ambivalentes, questionadoras de normas sociais, se apresentam na vida social, como as identidades não-binárias em termos de gênero.As identidades são reflexivas e consistem em uma negociação constante e estão sempre em processo de definição - elas não estão prontas e acabadas.
As identidades são construídas também pela identificação, que é elaborada a partir do reconhecimento de algo comum entre pessoas ou grupos e é constituída também como a base de solidariedade, de sentimento de origem comum, de vivência compartilhada e de experiência social com similitudes.
O intelectual jamaicanao Stuart Hall defende que as identidades devem ser lidas e interpretadas sob rasuras, não como categorias totalizantes, mas sim como desconstruções sociais. Elas estão presentes como performances sociais, como status público, mas também são construções a partir de subjetivação.
Quando se fala sobre uma identidade negra, ou torna-se negra (Souza, 1983), trata-se de passar a reconhecer e compartilhar com outros sujeitos a sua ancestralidade, os episódios de racismo vivenciados em seu cotidiano e perspectivas políticas.
Os tempos atuais presenciaram o crescimento do número de debates sobre identidade no espaço público. É comum ouvir a expressão “pautas identitárias” ou “identitarismo” como formas de expressar a existência de identidades na esfera da política. O debate sobre identitarismo tem bases falsas: primeiro por pressupor que apenas quem tem identidade é o outro, quando, na verdade, só existe identidade de um outro quando há identidades de um nós. Ainda, ao pressupor uma negatividade nas identidades coletivas, por imaginar que apenas certos grupos são identitários, enquanto outros, não.
É preciso desfazer esse mal entendido sobre o termo identidade e suas derivações, porque onde há o negro, em oposição há o branco; onde há o LGBTQiA+, há também os heterosexuais, onde há masculino, há feminimo, onde há cristão, há ateus, mulcumanos, etc. Ou seja, as identidades se fazem presentes das diferentes formas na vida social, cultural e política.
Sendo um tema da mais alta relevância na vida cotidiana, nos debates públicos, o tema das identidades é um barril de pólvora numa conversa de bar ou mesmo no mundo virtual. Seja onde for, o tema só ganha essa força toda porque faz sentido para a vida das pessoas em diferentes níveis: desde o interpessoal até os arranjos grupais mais complexos, como os profissionais, de preferência esportiva e de comunidade nacional ou subnacional.
A identidade é um dispositivo com tamanha força em nossas vidas que cada indivíduo precisa ter a sua para autoidentificação. Todavia, a identidade com a qual nascemos não precisa ser necessariamente aquela que levaremos ao longo da vida. Não raro, vários indivíduos alteram seus corpos, sua performance cultural, estética e até comportamentos para expressarem as identidades que constroem ao longo da vida.
A identidade é uma palavra cada vez mais central em nossa sociedade, posto que define e redefine rumos pessoais e de comunidades inteiras. Embora possa parecer fixa, a sua natureza é, na verdade, mutante e essencialmente política, social e cultural.