Exu


  • Descrição
  • Temas

Divindade cultuada na África e na Diáspora, Exu é concebido, na ontologia iorubá, como o princípio dinâmico que ativa os processos vitais, sendo por isso relacionado à fertilidade e à sexualidade. 

Amiúde representado por uma figura fálica, seu culto foi imediatamente associado a práticas demoníacas; e, assim percebido, teria chegado ao Brasil. É muitas vezes entendido como malfazejo, por associação com o Satanás da Bíblia e do Alcorão. Entretanto, segundo alguns estudos, essa relação é um equívoco, surgido nos primeiros contatos de árabes muçulmanos e cristãos europeus com povos falantes da língua iorubá

O primeiro registro escrito dessa entidade, sob o nome de “Leba” (Legba), como é conhecida nos candomblés jejes, aparece num vocabulário da língua falada pelos escravizados minas, nas Minas Gerais, em 1741. Lá o termo já é traduzido como “Demônio” [1]. 

Entretanto, ao longo do tempo, estudos etnográficos foram revelando as verdadeiras características deste orixá fundamental, comparado a alguns tipos de personagens de antigos relatos mitológicos. Como o Hermes dos gregos, deus dos ladrões e dos apostadores, mas também benfeitor da Humanidade, Exu transita entre o bem e o mal; entre a certeza e a dúvida; cria as armadilhas do destino e as desarma; cria a doença para mostrar a cura. Assim, na África e na Diáspora é o dono das encruzilhadas e interseções, que abre e fecha, como a vida enfim.  

Porta-voz dos demais orixás, é quem leva até eles as oferendas que potencializam as forças vitais. Por isso, é o primeiro a receber reverências e homenagens rituais; e, no sentido inverso, quando os demais orixás querem dar algo de bom a uma pessoa, é a Exu que encarregam de levar a dádiva. Na umbanda e em outras modalidades de culto, é reverenciado de outras formas, inclusive com outras características. Ver ELEGUÁ; EXUS na Umbanda.

[1] PEIXOTO, António da Costa. Obra nova da língua geral de mina. Manuscrito da Biblioteca Pública de Évora, publicado e apresentado por Luis Silveira em 1943. Lisboa: Agência Geral das Colônias, 1943-1944 [1741].