Escrevivência
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Conceito desenvolvido pela professora, escritora e intelectual brasileira Conceição Evaristo. Trata-se de uma combinação de "escrever", "viver" e "se ver", que, para além do jogo de palavras, representa uma concepção derivada de uma epistemologia negra, que, a partir de uma perspectiva multifocal, consegue examinar e analisar os contornos das experiências da população negra brasileira.
Assentada em uma consciência afrocentrada, a escrevivência está intimamente ligada ao corpo negro, especialmente ao corpo das mulheres negras escravizadas e, de modo particular, à figura da Mãe Preta. Essa imagem-gênese serve como elemento fundamental para a reflexão sobre o conceito de escrevivência, simbolizando-o. Ao retomar essa figura, Conceição Evaristo encontra a força motriz para criar, pensar, expressar seus pensamentos e desejos, ampliando o significado do termo, funcionando como uma maneira de borrar e ressignificar essas imagens do passado (EVARISTO, 2020a).
É a cosmovisão negro-brasileira, dos espelhos de Oxum e Yemanjá, e não do espelho narcísico, que a escrevivência perpassa. Nesse sentido, ultrapassa as fronteiras de determinados gêneros textuais e diferencia-se de conceitos já existentes e que possuem outras gêneses, como relato pessoal, autobiografia, escrita de si, autoficção, destacando-se como uma forma de fortalecer e potencializar as vivências da população afro-brasileira ou da diáspora.
Pode, ainda, ser visto como um conceito que visa destacar as experiências tanto individuais quanto coletivas das comunidades negras na diáspora, emergindo como um ato de resistência e expressão dessas populações. Além disso, a escrevivência se revela como uma poderosa ferramenta para reivindicar identidades, memórias e histórias frequentemente relegadas ao silêncio nessas sociedades.
A Ocupação da Conceição Evaristo aconteceu no Itaú Cultura entre os dias 4 de maio de 2017 e 18 de junho de 2017, saiba mais no site da Ocupação.