Candomblé
- Descrição
Nome genérico com que, no Brasil, se designam os cultos aos orixás, aos voduns jeje-nagôs e aos inquices congo-angola, bem como algumas formas derivadas, manifestas em diversas nações. Por extensão, o nome designa também a celebração, a festa pública dessa tradição, o xirê, e a comunidade-terreiro onde se realizam[1].
A denominação, provavelmente imposta de fora para dentro de seu ambiente de origem, ainda não foi esclarecida satisfatoriamente. Uma das possibilidades estaria no termo multilinguístico banto kiandombe ou ndombe, significando “negro”, anteposto a mbele, “família”, do quimbundo, resultando em: kiandombe mbele, “reunião familiar de negros”. No entanto, apenas a partir de certo momento, provavelmente no século 18, as práticas religiosas de origem africana passaram a se caracterizar por rituais privados realizados ante representações das divindades, aliados a cerimônias públicas com toques de tambor, cânticos, danças e transe mediúnico. O primeiro registro escrito do termo “candomblé”, ao que se sabe, só aparece em 1807, já que antes as práticas religiosas de origem africana eram indistintamente referidas como “batuques” ou “calundus”[2].
A modalidade original do candomblé consiste em um sistema religioso autônomo e específico que ganhou forma e se desenvolveu no Brasil, a partir da Bahia, com base em diversas tradições religiosas de origem africana, notadamente da região do Golfo da Guiné. Entre as chamadas “nações”, as mais conhecidas são: jeje, nagô, angola e congo, havendo também formas mistas. Ver CABOCLO.
[1] A expressão “comunidade-terreiro” foi difundida pela antropóloga Juana Elbein dos Santos, a partir de 1976, para designar o espaço social do candomblé. Cf. SANTOS, Juana Elbein dos. Os nagô e a morte: Petrópolis: Ed. Vozes, ano.
[2] Inserir dados bibliográficos do livro citado: Parés (2006: 126).