Caboclo(a)
- Descrição
Entidades espirituais masculinas e femininas que “baixaram à terra” ou se manifestaram em seus médiuns pela primeira vez no Brasil, diferenciado-se, portanto, de orixás, voduns e inquices africanos.
De modo geral, são concebidos como espíritos de ancestralidade ameríndia e, nos candomblés da Bahia, especialmente nos angolas, são cultuados e reverenciados como os “donos da terra” ou os espíritos originários do lugar. Na umbanda e em formas religiosas afins, são em geral agrupados na “falange de Oxóssi” e têm nomes próprios de seu ambiente natural ou relativos à sua vida terrena, como “Pena Branca”, “Sete Flechas”, “Pedra Preta”, “Pena Verde” etc.
A expansão do culto aponta para a ideologia de valorização do indígena surgida após a Independência, expressa, por exemplo, na obra do poeta Gonçalves Dias (1823-64). Contudo, no tambor de mina maranhense e em outras práticas religiosas do sertão nordestino, a categoria dos caboclos inclui, além de espíritos ameríndios, uma pluralidade de encantados, como gentis (associados à nobreza europeia), turcos, boiadeiros, marujos, princesas, surrupiras etc. Em alguns contextos, trajam vestes de couro em vez de penas, o que os identifica como sertanejos.
Os caboclos e as caboclas são entidades benfazejas, dedicadas com frequência a ações de cura, levando alento aos sofredores, desmanchando trabalhos de magia negra e recomendando ou ministrando medicamentos da medicina vegetal. Manifestados em seus médiuns, em geral puxam seus cantos em português e dançam com bravura ao ritmo dos tambores, às vezes bebendo aguardente e fumando charutos cuja fumaça, associada ao líquido, é borrifada e espargida nos consulentes, para desfazer atmosferas maléficas.
Algumas dessas entidades recebem culto específico no chamado “candomblé-de-caboclo”, modalidade ritual que combina elementos do candomblé banto, a pajelança ameríndia, o catolicismo popular e o espiritismo kardecista, aproximando-se da umbanda.