Última atualizacão: 19.04.2023
Sabinada
Ano 1837
- Descrição
- Bibliografia
- Temas
A Sabinada é uma revolta federalista, ocorrida na capitania de Salvador entre 1837 e 1838, que desafia o governo central do Império. O declínio da economia açucareira baiana repercute negativamente entre as camadas mais pobres da população livre. Além disso, os homens negros se ressentem pela discriminação à qual estão sujeitos. Um grupo de militares negros e pardos se sente particularmente lesado, pois o Império extingue, em 1831, os batalhões de milícias coloniais organizados por grupos étnico-raciais, nos quais negros e pardos podem alcançar ao posto de oficial. Os proprietários brancos, por sua vez, vetam a ascensão de homens negros na Guarda Nacional, deixando muitos oficiais “de cor” desempregados. Outro grupo de descontentes são os federalistas, que almejam maior autonomia para a província da Bahia e menos ingerência do governo central.
O chamado “regresso conservador” de 1837 visa anular as reformas liberais implementadas entre os anos de 1831 e 1834. Os federalistas baianos, liderados pelo médico Francisco Sabino (1796-1846), apoiam o motim de 7 de novembro, levado a cabo pelo batalhão de infantaria aquartelado no Forte de São Pedro e apoiado por outras tropas. Os rebeldes convocam uma assembleia extraordinária da Câmara Municipal, que declara a autonomia da Província da Bahia. O presidente da província e o chefe da polícia deixam a cidade e se refugiam no Recôncavo.
Os rebeldes conseguem armas e munições dos arsenais, além de contar com o apoio de muitos soldados e oficiais na ativa ou desempregados. O governo rebelde imediatamente toma medidas para reparar o que esses grupos consideram injustiças e promovem oficiais rebeldes, e equiparando-lhes os soldos com os da polícia.
As forças da legalidade, no entanto, contam com as unidades da Guarda Nacional comandadas pelos barões escravistas, assim como forças de polícia descontentes com a promoção dos militares. Ocupam os altos de Pirajá, região do entorno de Salvador, bloqueando o acesso por terra. Começa o cerco à cidade rebelde. As tentativas dos sabinos de romper o cerco fracassam e em poucas semanas começam a faltar alimentos.
A situação drástica leva à radicalização do movimento. Rebeldes tentam aliciar escravizados crioulos nascidos no Brasil para as tropas, constituindo um batalhão de libertos. Declaram mesmo a alforria para todos os escravizados nascidos no Brasil. Nas ruas, acusam os pequenos comerciantes portugueses de cobrar ágio e esconder mercadorias e começam a saquear lojas e propriedades. No entanto, o governo rebelde reconhece, em fevereiro, a perda do controle da situação. Em 13 de março 1838, as tropas da legalidade rompem a linha rebelde e invadem a cidade. Nos dias seguintes, se dá uma brutal repressão e muitos rebeldes são executados, mesmo depois da rendição. Estimativas apontam o número de vítimas entre os rebeldes é superior a mil durante o conflito, contra quarenta baixas entre os legalistas. Quase três mil suspeitos são encarcerados e, depois dos primeiros processos, há doze condenações à morte. A anistia de 1840, no entanto, salva a vida dos rebeldes remanescents, entre eles Francisco Sabino, que termina a vida no desterro em Goiás.