Última atualizacão: 19.04.2023
Revolta dos Malês
Ano 1835
- Descrição
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Em 1835, a cidade de Salvador (BA) é palco de uma das revoltas escravas mais importantes das Américas. O levante dos malês, como são conhecidos os africanos muçulmanos de etnia nagô na Bahia no século XIX, ocorre em dia de festa católica para celebrar Nossa Senhora da Guia, na madrugada de 25 de janeiro, quando senhores estão distraídos e ocupados com os preparativos das comemorações.
Depois de um longo planejamento, a delação de outros libertos de etnia nagô precipita a rebelião. Cerca de seiscentos africanos escravos e libertos enfrentam as armas de fogo das tropas policiais com foices, facas e outras armas brancas. Segundo uma testemunha, em meio à noite se ouve o grito: “Morra, branco! Viva nagô!”.
Os sentidos políticos do conflito residem na complexa articulação entre identidade religiosa, étnica e de classe. Para o historiador João José Reis (1952), embora haja também participações de libertos, trata-se de uma revolta escrava e, sobretudo, de africanos, em sua maioria nagôs, haussás e jejes. Eles se rebelam contra a dominação de homens brancos – que planejam escravizar com crioulos e mulatos – e aspiram à liberdade e à autonomia política.
Essa revolta é forjado a partir das experiências compartilhadas nos navios negreiros e no trabalho escravo realizado nas ruas de Salvador, nos espaços de sociabilidades e nas trocas religiosas e da discriminação racial e exclusão social que africanos, independentemente de serem escravos ou libertos, enfrentam na sociedade da época.