I Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros

Ocorre na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), entre os dias 22 e 25 de novembro de 2000, o 1º Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as (1º COPENE), com participação de cerca de 320 pesquisadores nacionais de diversas regiões do Brasil e de outros países. O principal objetivo do encontro é dar visibilidade às pesquisas de investigadores afro-brasileiros e estabelecer redes acadêmicas nas temáticas étnico-raciais em diferentes áreas do conhecimento.

O COPENE resulta da articulação iniciada nos anos 1970, momento em que a presença negra nas universidades cresce paulatinamente. Desencadeia-se a formação de um movimento negro acadêmico, com a realização de eventos e o estímulo a pesquisas voltadas para realidade da população negra.

Dois eventos antecedem o 1º COPENE: o 1º Encontro de Docentes, Pesquisadores e Pós-Graduandos Negros, na Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus Marília, em 1989, e o 1º Seminário Nacional de Universitários Negros e Negras, em Salvador, em 1993. Além disso, docentes negros criam núcleos de estudos afro-brasileiros na última década do século XX. Na sequência, surgem os primeiros movimentos por reparações e ações afirmativas.

Nesse contexto, é proposto o 1º COPENE com o tema “O negro e a produção do conhecimento: dos 500 anos ao século XXI”. Tendo à frente o engenheiro Henrique Cunha Junior, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade Federal do Ceará (UFC), e a educadora Lídia Cunha, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O evento conta com o apoio do programa de mestrado em educação da instituição anfitriã, além do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Fundação Cultural Palmares.

A conferência de abertura é proferida pelo antropólogo Kabengele Munanga (1940), da Universidade de São Paulo (USP). Destacam-se no evento Petronilha Gonçalves, da UFSCar, Kim D. Butler (1960), da Rutgers University, Michael Mitchell (1944-2015), da Universidade do Arizona, e diferentes áreas do conhecimento, como ciências humanas, artes e educação.

A assembleia final do 1º COPENE culmina na aprovação dos estatutos e da primeira diretoria da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), que passa a realizar seus congressos a cada dois anos em todo o Brasil.