Última atualizacão: 19.04.2023

Chacina de Acari


Democracia e Direitos Humanos
Calendário

Ano 1990

  • Descrição
  • Bibliografia
  • Temas

No episódio conhecido como Chacina de Acari, ocorrido em 26 de julho de 1990 no Rio de Janeiro, onze moradores da favela do bairro carioca de Acari são sequestrados de um sítio em Magé, município da Baixada Fluminense, por policiais civis e militares. 

As vítimas, com idades entre 13 e 41 anos, eram Antonio Carlos da Silva (17 anos), Cristiane Souza Leite (16 anos), Edio do Nascimento (41 anos), Edson de Souza (17 anos),  Luiz Carlos de Vasconcelos (37 anos), Luiz Henrique Euzébio (17 anos), Moisés dos Santos Cruz (31 anos), Rosana de Souza Santos (18 anos), Viviane Rocha (13 anos), Wallace do Nascimento (17 anos) e Wudson de Souza (16 anos). Assassinadas, seus corpos nunca são encontrados. Trata-se de um caso emblemático de desaparecimento forçado, e no qual o Estado brasileiro não é responsabilizado. 

A partir desse episódio, as mães das vítimas dão início às buscas pelos corpos, formando o coletivo Mães de Acari, cujo protagonismo na luta por justiça, no combate antirracista e na defesa da descriminalização dos movimentos sociais de favelas inspira muitas outras articulações políticas protagonizadas por mulheres negras e moradoras de favelas cujos filhos e filhas são mortos pelo braço armado do Estado. Entre essas associações, temos Rede de Comunidades e Movimentos contra Violência (RJ), Mães de Manguinhos (RJ), Mães da Baixada (RJ), Mães de Maio (SP/BA/GO), Mães do Curió (CE), Mães do Xingu (PA), dentre outros movimentos.

A luta das Mães de Acari é criminalizada, e suas integrantes, perseguidas pelos agentes denunciados pelo crime. Em 1993, Edméia da Silva Euzébio (1946-1993), uma das mães mais atuantes do coletivo, é assassinada a tiros no estacionamento do metrô da Praça Onze, local movimentado do centro do Rio de Janeiro. Em 2011, após anos de luta, outra mãe, Marilene Lima de Souza (1950-2012), consegue a certidão de óbito de sua filha, Rosana de Souza Santos. No documento, o local da morte indica “Chacina de Acari”. 

A luta das mães de Acari segue pelo direito de enterrar seus filhos e suas filhas, pois os corpos permanecem desaparecidos.