Última atualizacão: 19.04.2023
1ºCongresso do Negro Brasileiro
Ano 1950
- Descrição
- Bibliografia
- Temas
O 1º Congresso do Negro Brasileiro acontece na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro, entre 26 de agosto e 4 de setembro de 1950, organizado pelo Teatro Experimental do Negro. No congresso se reúnem personalidades negras e brancas de diferentes áreas para pensarem ações de combate ao preconceito contra o negro e de melhoria de suas condições de vida. São realizadas 35 sessões de estudos e pesquisas de história, vida social, sobrevivências religiosas e folclóricas, línguas e estética.
Os intelectuais Abdias Nascimento (1914-2011), Alberto Guerreiro Ramos (1915-1982) e Edson Carneiro (1912-1972) compõem a comissão organizadora do congresso. Antes, eles participam da Convenção Nacional do Negro Brasileiro (1945), da campanha de reivindicações de direitos na Constituinte de 1946 e da Conferência Nacional do Negro (1949). Essa experiência serve de base para definirem formas pragmáticas de compreensão do que chamam de "problema do negro": trata-se de discutir a construção da rota de acesso da população negra ao bem estar social, com medidas de participação coletiva nos benefícios trazidos pelo desenvolvimento socioeconômico do país.
Apesar do espírito harmônico e construtivo do evento, há divisão dos participantes entre dois grupos divergentes: os chamados homens de ciência e os defensores da negritude. Essas divergências aumentam quando o ativista Ironides Rodrigues (1923-1987) apresenta a tese Estética da negritude (1950), segundo a qual atributos específicos da raça negra dotam-na de sensibilidade ímpar para as artes. Na visão do autor, entender o ser-em-si-mesmo do negro seria reconhecer suas potencialidades, encontradas na cultura negra. A tese gera debates acirrados que se estendem até o fim do congresso. Na sessão de encerramento, os cientistas apresentam uma declaração em que rejeitam características raciais como fatores determinantes de comportamentos humanos. No entanto, essa declaração é rejeitada pela maioria da assembleia do congresso e sai vitoriosa a versão que traz recomendações de medidas científicas, culturais e políticas de combate ao preconceito racial e elevação das condições de vida do negro.