Selma Dealdina


1982-

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Selma dos Santos Dealdina (São Mateus, Espírito Santo, 1982). Produtora cultural, militante e ativista do movimento social negro e quilombola. É responsável pela organização de feiras, rodas de samba e blocos de carnaval, além de participar intensamente da política em diferentes organizações e frentes no combate ao racismo, pela luta quilombola e em favor do meio ambiente.

Quilombola do Angelim III, localizado no território do Sapê do Norte, na cidade capixaba de São Mateus, aos 16 anos participa ativamente no movimento estudantil do município, no qual auxilia na criação de grêmios estudantis nas escolas Américo Silvares, Pio XII, Polivalente e Ceciliano Abel de Almeida. Em 2013, forma-se como assistente social pela Faculdade Anhanguera e inicia em 2020 a licenciatura em História pela Faculdade Estácio e o curso de Gestão Financeira pela Faculdade Unip.

A militância no movimento negro  tem início no Centro de Estudo da Cultura Negra do Norte do Espírito Santo (Cecunes), ao integrar o grupo de dança afro Kanoombo. Filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde 2003, ocupa o cargo de auxiliar de coordenação de campanha do ex-vereador Eduardo de Biazzi e participa também da escola de formação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Além disso, presta serviço no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Mateus e Jaguaré e no Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES).

Sua atuação no Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) começa em 2002, quando participa ativamente da organização de camponeses Via Campesina. Integra, no mesmo ano, a equipe de pesquisadores quilombolas do projeto Egbé Territórios Negros, coordenada pela Koinonia Presença Ecumênica e Serviço e a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase).

Em 2003, contribui com a criação da Rede Alerta contra o Deserto Verde no Estado do Espírito Santo, sendo a única jovem participante da época, e auxilia na organização e apresentação do Festival de Folclore de Conceição da Barra (Espírito Santo) no mesmo ano. Membro da Comissão Espírito-Santense de Folclore desde 2007, nos anos de 2008, 2009 e 2011, organiza e produz as edições do Desfile da Identidade Cultural Capixaba.

É ainda responsável pela revitalização da vida cultural do centro boêmio do samba capixaba, na capital Vitória, onde atua como produtora cultural de rodas de samba e coordena os blocos de rua Amarra o Burro e Arrastando o Papo. Idealiza e produz o Festival do Beiju, maior referência de encontro para reflexão sobre luta e resistência das comunidades quilombolas do Espírito Santo. Assume, em 2009, o papel de curadora da exposição fotográfica O corpo da luta, com trabalhos de Sandro Silva, e da exposição de quadros Yndeburê Ngzamby – As belas de Zambi, de Leilla Silva. Além disso, é responsável pela curadoria da mostra de cinema Negro & Negro, da Associação Brasileira de Documentarista e Curta Metragistas do Espírito Santo (ABD Capixaba), na Universidade Federal do Espirito Santo (UFES). Fica à frente da produção do festival por três edições.

Recebe, em 2014, o prêmio Dom Luis Gonzaga em reconhecimento de sua luta pela justiça social, pelo respeito aos direitos humanos e pelo cuidado com o meio ambiente. Em 2019, recebe o Troféu Rainha Nzinga, que tem por objetivo dar visibilidade e valorizar a luta das mulheres que militam no combate ao racismo em diversas frentes.

Em 2021, organiza o livro Mulheres quilombolas: territórios de existências negras femininas, lançado pelo Selo Sueli Carneiro da editora Jandaíra. A obra reúne as vozes de 18 mulheres quilombolas que contam suas trajetórias. A premissa do livro é ser uma ferramenta para potencializar essas vozes e saberes há séculos estigmatizados e estereotipados pelo racismo. As principais atuações de Selma são na Coalizão Negra por Direitos, na assessoria da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Espírito Santo (Zacimba Gaba) e no Coletivo de Mulheres da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), na qual atua como secretária executiva.

Selma Dealdina tem trajetória expressiva de engajamento em coletivos e movimentos sociais em prol da luta e da participação de mulheres quilombolas em espaços de definição de políticas e vem garantindo a proposição de políticas públicas que levem em conta o recorte de gênero, racial e geracional. Sua atuação potencializa a voz de um grupo estigmatizado e possibilita que tenha espaço para se expressar e contar suas trajetórias a partir de suas próprias perspectivas.