Milton Barbosa
1948
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Atualização 13/04/2023
Milton Barbosa (Ribeirão Preto, São Paulo, 1948). Ativista do movimento negro. Muda-se com a família para a capital paulista em 1951. Estuda os primeiros anos escolares no Bixiga, bairro da região central da capital paulista Na adolescência, como outros jovens da época, frequenta o circuito cultural da cidade, como o Theatro Municipal, a Igreja da Liberdade e a Galeria Olido. Na década de 1960, cria com Rafael Pinto o Grupo Decisão, cujo objetivo é debater questões raciais no Grêmio Recreativo e Cultural Escola de Samba Vai-Vai. Na diretoria da escola até 1980, Milton é responsável pela elaboração de trabalhos culturais.
Na década de 1970, conhece o Centro de Cultura e Artes Negras (Cecan), que reúne militantes negros como a teatróloga Thereza Santos (1930-2012) e o sociólogo Eduardo de Oliveira e Oliveira (1923-1980). Em 1974, ingressa no curso de Economia da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP) e participa da diretoria do Centro Acadêmico Visconde de Cairú. Na USP, se junta às fileiras da Liga Operária (LO), organização socialista e trotskista brasileira, militando contra a ditadura civil-militar (1964-1985). Dentro do movimento, forma o Núcleo Negro Socialista. Nesse mesmo período, ao lado de Jamú Minka e Rafael Pinto (1949), colabora com o jornal Árvore das Palavras. Em 1976, abandona o curso na USP e o LO para se dedicar à construção do movimento negro no Brasil.
Dois anos depois, participa como uma das principais lideranças na articulação do Movimento Unificado contra a Discriminação Racial (posteriormente denominado Movimento Negro Unificado), fundado nas escadarias do Theatro Municipal de São Paulo em 7 de julho de 1978. No movimento, atua como coordenador estadual em São Paulo, membro da coordenação nacional, coordenador de Relações Internacionais e coordenador nacional de Formação Política e Organização. Em 2011, torna-se coordenador de honra da organização.
Em 1977, trabalha como metroviário na Companhia Paulista de Trens e Metrô (CPTM) e torna-se, em 1978, diretor da Associação dos Funcionários do Metropolitano de São Paulo (AEAMESP), atual Sindicato dos Metroviários. Na associação, cria o núcleo de negros que introduz o debate racial na Central Única dos Trabalhadores (CUT). Em 1979, durante o governo estadual de Paulo Salim Maluf (1931), Milton Barbosa e outros trabalhadores são demitidos por causa do envolvimento na organização sindical da categoria.
Em 1982, integra o diretório regional do Partido dos Trabalhadores (PT), no qual funda, ao lado de outros militantes, a primeira Comissão de Negros do PT. No mesmo ano é candidato a deputado estadual e, em 1985, concorre ao posto de deputado constituinte para formulação da nova Constituição de 1988. Em 1986, torna-se presidente de honra da Convenção Nacional do Negro, espaço de elaboração e definição das propostas de criminalização do racismo e de reconhecimento e titulação dos remanescentes das comunidades dos quilombos.
Em 1988, compõe a executiva de organização da marcha do Centenário da Abolição, realizada na cidade de São Paulo. Outro marco importante para o movimento negro é a Marcha Zumbi contra o Racismo, pela Cidadania e pela Vida, ocorrida em 1995, que reúne cerca de 30 mil pessoas em Brasília e reivindica políticas públicas para atender às demandas da população negra.
Ao longo dos anos 2000, articula e participa de campanhas de denúncia e combate à violência policial e ao genocídio da juventude negra, como a campanha "Mano, Não Morra, Mano, Não Mate". Sempre articulado com a juventude, incentiva a construção do Encontro Nacional de Juventude Negra (Enjune), em 2007, na Bahia. Outro evento no qual tem importante participação é o Tribunal Popular – O Estado no banco dos réus, realizado em 2008.
Milton Barbosa sempre se posiciona em favor da autonomia do movimento negro em relação ao partidos políticos e governos, além de impulsionar relações entre o MNU e outros movimentos sociais. Seu acervo pessoal de militância política se encontra no Arquivo Edgard Leuenroth, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).