Maria Inês da Silva Barbosa


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foto: Agência UEL de Notícias

Atualização 13/04/2023

Maria Inês da Silva Barbosa (São Paulo). Pesquisadora. Pioneira nos estudos sobre a saúde da população negra no país, inicia sua trajetória em defesa do recorte racial nas área da saúde na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP) nos anos 1990.

Desde então, atua em diferentes frentes, apontando o racismo como um dos determinantes sociais responsáveis pelo adoecimento da população negra.

É graduada (1976) e tem mestrado (1992) em serviço social, atuando na sua profissão na periferia da capital paulista, em projetos populares da prefeitura da sua cidade natal. Possui especialização pela Universidade Cândido Mendes com o “Curso avançado sobre relações raciais e cultura negra” (1998) e pela Federal Government Of The Republic Of Austria com o “Foundation course and specialization course on med” (2000). É doutora (1998) em saúde pública pela USP e professora aposentada do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Mato Grosso (ISC/UFMT). Ainda, tem em seu currículo a passagem como subsecretária de políticas de ações afirmativas da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).

Sua tese de doutorado, defendida em 1998, é o primeiro estudo no país a relacionar raça e saúde. É um trabalho que possui o propósito de inserir nas análises das condições de saúde a variável raça, enquanto categoria analítica, para avaliar o impacto do racismo na saúde da população negra. Em seu trabalho, Maria Inês traça o perfil de mortalidade da população branca e da população negra na cidade de São Paulo, em 1995, onde observa um perfil mais crítico de saúde da população negra, especialmente pelo fator das mortes violentas. O estudo mostra a importância da existência do quesito cor nos documentos oficiais.

Além de seu pionerismo e reconhecida importância no meio acadêmico, Maria Inês Barbosa é também referência em formulação de políticas públicas de saúde para negros e mulheres. Depois de integrar, entre 2007 e 2010, a equipe do Fundo das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) Brasil, atualmente ONU Mulheres, e ser assessora regional para a diversidade cultural e saúde da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em Washington, Estados Unidos, atua também como consultora nacional da Opas no Brasil.

Atua na área da saúde para além da área biológica, considerando os contextos histórico, econômico e social. Suas ideias chamam a atenção para a saúde como um direito de toda população e como um dever do Estado. Defende arduamente a importância da saúde pública, como um direito universal que não deve ser mercantilizado. Acredita que só uma vontade política desracializante profunda pode trazer melhorias para a saúde das populações.

Em 1998, seu texto “Todos a bordo: perfil de mortalidade do homem negro na cidade de São Paulo” integra o livro A cor do medo: homicídio e relações raciais no Brasil. Em 2000, publica o texto “Diversidade sociocultural e saúde: falando de raça” como parte do livro Ciências sociais e saúde para o ensino médico. Em 2001, recebe o título de cidadã matogrossense da Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso (ALMT). 

Em 2020, participa do VII Colóquio de Feminismo Negro com a palestra “Determinantes sociais de saúde: racismo e a saúde da mulher negra”. Sua linha de pesquisa atual, em desenvolvimento no Instituto de Saúde Coletiva da UFMT, versa sobre o respeito à saúde da mulher negra e sua saúde reprodutiva.

Com seu pioneirismo, Maria Inês lança luz sobre as ações racistas e violentas, muitas vezes praticadas pelo Estado, que provocam sofrimento, adoecimento e morte da população negra, pobre e periférica, seja com o braço da política de segurança pública ou com a negligência e o cuidado não racializado em saúde. Seu trabalho, ativismo e engajamento se tornam referências para futuros estudos e criação de políticas públicas para a população negra.