Luiza Bairros
1953
2016
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Atualização 13/04/2023
Luiza Helena Bairros (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1953 – Idem, 2016). Socióloga, gestora, ministra da Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial (2011-2015), liderança do movimento negro unificado, do movimento de mulheres negras e latino-americanas. Sua produção intelectual é dedicada ao exame da relação entre trabalho, desigualdades e raça e à análise do padrão do ativismo antirracista brasileiro. Sua trajetória também inclui a luta por cidadania na passagem do século XX para o XXI no cone Sul das Américas.
Filha de dona Celina Maria de Bairros e do militar Carlos Silveira de Bairros, nasce na capital porto-alegrense, na área conhecida como Colônia Africana (atual bairro Rio Branco) e se gradua em 1975 pela Faculdade de Administração Pública e Empresas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em 1979, muda-se para Salvador e obtém o título de mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) com a dissertação O negro na força de trabalho na Bahia, entre os anos 1950-1980. Essa pesquisa cobre o período de surgimento de importantes atores e empreendimentos econômicos, como a emergência da Petrobrás em Camaçari, e de agências de desenvolvimento, como a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Com o mercado de trabalho em transformação, a pesquisadora procura compreender os padrões de persistência dos lugares sociais de trabalhadores negros nessa nova configuração econômica. Com esse estudo, Luiza Bairros se insere no campo da Sociologia, ao lado de eminentes cientistas sociais, com quem colaborou, como Nadya Araújo Guimarães, Vanda Sá e Paula Cristina da Silva Barreto [1].
Bairros funda o Movimento Negro Unificado (MNU), no qual permanece até 1994, e mantém vínculos políticos com o Partido dos Trabalhadores (PT). Entre 1980 e 1990, participa dos encontros nacionais de mulheres negras brasileiras e dos encontros das mulheres afro-latino-americanas e caribenhas. Na última década do século XX, coordena o projeto “Raça e Democracia nas Américas: Brasil e Estados Unidos”, uma parceria entre o Centro de Estudos e Pesquisas em Humanidades (CRH) da UFBA e a National Conference of Black Political Scientists (NCOBPS).
Publica relevantes artigos, com destaque para reflexão crítica sobre o livro Orfeu e poder (1994), do cientista político estadunidense Michael Hanchard (1959). No texto, argumenta que a relação entre política e cultura é a marca da mobilização negra no Brasil, não havendo necessidade de hierarquizar as dinâmicas políticas do Norte e do Sul das Américas. Em 1999, publica “Lembrando Lélia Gonzalez” (1935-1994), artigo em que analisa trajetória, obra e conceitos da feminista negra. Bairros examina a relação entre biografia e pensamento na vida da intelectual, firmando as contribuições originais de Gonzalez para a teoria social e abrindo caminhos para novas pesquisas sobre o seu legado acadêmico e político para a América Latina.
Notas
[1] Para mais detalhes sobre a produção acadêmica da autora, veja análise do antropólogo e professor Osmundo Pinho, que, durante a sua graduação, trabalhou com Luiza Bairros. https://forum.lasaweb.org/files/vol51-issue2/Huellas-Inspiradoras.pdf