Givânia Maria da Silva
1967
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Atualização 13/04/2023
Givânia Maria da Silva (Salgueiro, Pernambuco, 1967). Quilombola, professora, parlamentar, gestora pública, pesquisadora e ativista negra, é uma das fundadoras da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). É também uma das principais lideranças brasileiras e referência nos estudos sobre educação quilombola.
Descendente quilombola pelo lado materno e indígena (do povo Atikum) pela linhagem paterna, Givânia Maria da Silva nasce e cresce no quilombo Conceição das Crioulas, presente na região central do Estado de Pernambuco pelo menos desde o final do século XVIII. Filha da artesã Maria de Lurdes da Conceição e do agricultor João da Silva, estuda em escolas públicas durante o ensino básico e se forma em Letras, tornando-se a primeira pessoa da comunidade a obter diploma universitário,.
Em 1989, realiza concurso público no município pernambucano de Salgueiro, a cinquenta quilômetros de distância de sua comunidade quilombola, e passa lecionar em escolas públicas, atuando como professora na comunidade Conceição das Crioulas. Como docente, passa a pesquisar a história do quilombo, inserindo-a no projeto pedagógico da escola quilombola.
Na juventude, participa das Comunidades Eclesiais de Base e da Pastoral da Juventude. Na década de 1990, elege-se vereadora da cidade de Salgueiro pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Desde a candidatura, sofre violência política, com ameaças de morte realizadas por fazendeiros da região.
Em 1995, participa da Marcha Zumbi dos Palmares, realizada em Brasília com o objetivo de dar visibilidade à temática quilombola no movimento negro. No mesmo ano, é fundada a Conaq, organização inédita na história do país, que garante maior representação coletiva dos quilombolas de todo o Brasil. Givânia é uma das fundadoras da instituição, na qual atua ativamente desde a criação, especialmente na organização das mulheres e na área da educação.
Entre 2007 e 2008, durante o segundo mandato do presidente Luis Inácio Lula da Silva (1945), integra a equipe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), tornando-se subsecretária de Políticas para Populações Tradicionais da Presidência da República, direcionada especialmente para as comunidades quilombolas. Em 2012, torna-se mestra em Políticas Públicas e Gestão da Educação pela Universidade de Brasília (UnB).
Como pesquisadora, passa a integrar a Associação de Pesquisadores Negros (ABPN) e outros grupos de pesquisa da universidade, como o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab), o Laboratório de Terra e o Grupo de Estudo e Pesquisa em Políticas Públicas, História, Educação das Relações Raciais e de Gênero (GEPPHERG). Atua também como consultora em diversas organizações não governamentais de direitos humanos e dedicadas à temática racial. Torna-se membro do Comitê de Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 para 2030, parceiro brasileiro da ONU-Mulheres, e integra a representação das entidades que construíram a Marcha das Mulheres Negras (2015).
No segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff (1947), integra o Ministério das Mulheres, sob a liderança da ministra Nilma Lino Gomes (1961), e atua na gestão nacional da política de igualdade racial e direitos humanos entre março de 2015 e maio de 2016. Com o impeachment da presidenta da República e a mudança de orientação política do governo federal, Givânia investe na carreira acadêmica: ingressa no doutorado na UnB, em 2017, e participa de eventos acadêmicos sobre a questão fundiária e sobre temas ligados à educação e aos quilombos. No verão de 2020, na Summer School, em Harare, capital do Zimbábue, apresenta os resultados de sua pesquisa de doutorado, Entre amassar e assar o barro e tecer os fios do algodão e do caroá: a luta das mulheres quilombolas de Conceição das Crioulas por terra e educação (1990-2014). Nesse encontro, pesquisadores e professores de países asiáticos, africanos e americanos se reúnem para tratar da temática agrária e dos conflitos e movimentos sociais nos países do Sul Global.
No ano, durante a pandemia de covid-19, assume o cargo de professora substituta na UnB, e prossegue sua pós-graduação. O investimento na carreira acadêmica não a retira da atividade política, especialmente na Conaq.
Com essa trajetória, seja como liderança comunitária, seja como pesquisadora e educadora, Givânia da Silva é uma das principais referências na articulação política dos territórios quilombolas no país e na área de educação quilombola.