Flávio Jorge


1953

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Flávio Jorge Rodrigues da Silva (Paraguaçu Paulista, São Paulo, 1953). Ativista político. Formado em ciências contábeis pela PUC-SP, é líder do movimento negro brasileiro, articulador da Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN) e dirigente do Partido dos Trabalhalhadores (PT). Foi um dos principais articuladores do 1º Encontro Nacional de Entidades Negras (ENEN) e da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).

Aos 17 anos se muda para a capital paulista em busca de trabalho após concluir o curso técnico em contabilidade. Em 1974 ingressa no curso de ciências contábeis na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde passa a se engajar mais politicamente. Passa a integrar um núcleo da Liga Operária (LO), organização socialista e trotskista, e se envolve na formação do diretório acadêmico e do Grupo Negro da PUC, em 1978, que reúne estudantes negros de diversos cursos. Por meio do grupo, Flávio participa da organização do Congresso de Cultura Negra das Américas, liderado por Abdias do Nascimento (1914-2011) e realizado em 1982. 

Nesse período se envolve com a organização do PT, junto com Milton Barbosa (1948) e Hamilton Cardoso (1953-1999), onde conhece Lélia Gonzalez (1935-1994). Dentro do partido, Flávio participa da elaboração do Centenário da Abolição, em 1988, com lideranças e intelectuais, como Florestan Fernandes (1920-1995). 

No fim da década de 1980, Flávio e outros militantes negros organizam uma série de encontros regionais do movimento negro – Norte-Nordeste, Sul-Sudeste e Centro-Oeste –, que contribuem para a realização do 1º ENEN, em novembro de 1991. No encontro é fundada a CONEN, da qual Flávio integra a direção. 

Em maio do mesmo ano, Flávio junta diversos militantes do extinto Grupo Negro da PUC para a fundação da Soweto Organização Negra (SON), organização do movimento negro atuante em diversas frentes, como educação, saúde e assistência social. 

Entre 1987 e 1988, trabalha como assessor político no mandato de vereadora de Luiza Erundina (1934). Quando Erundina assume a gestão da Prefeitura de São Paulo, entre 1989 e 1992, Flávio é convidado para trabalhar na Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE). Esta participação se torna fundamental para  a realização do ENEN, cuja estrutura é financiada pela Prefeitura de São Paulo. 

Em 1992, junto com diversos movimentos sociais da América Latina e Caribe, Flávio, por meio da Soweto, engaja-se na campanha contra os 500 anos de colonização das Américas. Três anos depois, Flávio cumpre papel importante na organização da Marcha Zumbi dos Palmares contra o Racismo, pela Cidadania e a Vida, realizada em 20 de novembro de 1993, que reúne mais de 20 mil pessoas em Brasília. No mesmo período, participa da criação da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo do PT, da qual é secretário de 1995 a 1999. 

Nos ano 2000, compõe o Diretório Nacional do partido, ao lado de Benedita da Silva (1942) e de outros militantes negros, bem como foi diretor da Fundação Perseu Abramo até 2015. 

O ano de 2003 é de importantes marcos para o movimento negro, como a criação da SEPPIR. Flávio Jorge, junto à Soweto e à CONEN, tem importante participação na fundação da secretaria, indicando e apoiando a primeira secretária, Matilde Ribeiro (1960), uma das fundadoras da SON. Em 2004, Flávio participa do Fórum Social Mundial, na Índia, como representante da Fundação Perseu Abramo. 

Flávio Jorge integra, em 2005, o Comitê Estadual da Marcha Zumbi +10, em São Paulo, e participa da 1º Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na Plenária Nacional da Marcha Zumbi +10 e na 2ª Marcha Zumbi dos Palmares contra o Racismo, pela Cidadania e a Vida, realizada em 22 de novembro. 

Flávio Jorge é articulador político da Soweto Organização Negra e compõe a direção da CONEN, desempenhando papel de destaque na mobilização negra contemporânea, que articula o combate ao racismo e o combate à exploração capitalista e patriarcal.