Edson Cardoso
1949
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Atualização 13/04/2023
Edson Lopes Cardoso (Salvador, Bahia, 1949). Jornalista, assessor parlamentar, intelectual público, poeta. Criador do Ìrohìn, jornal que circula entre 1995 e 2010 e atua nas esferas institucionais e na sociedade civil, com papel fundamental na imprensa negra desde a década de 1980. Crítico do tempo presente, Cardoso marca a história do movimento negro e está diretamente ligado à representação negra na recente democracia brasileira.
Filho do tipógrafo e vendedor Lourival Cardoso e da rendeira Maria Laura Lopes Cardoso, cresce em um lar operário e pobre ao lado dos demais vizinhos negros do bairro. Cursa o ensino fundamental no Colégio Theodoro Sampaio e o ensino médio no Colégio Bahia, onde se envolve com movimentos de resistência à ditadura civil-militar brasileira (1964-1985). Ainda é secundarista, aproxima-se do grupo de estudos da Ação Popular (AP). Com o recrudescimento da opressão do governo ditatorial, sobretudo depois do Ato Institucional n° 5 (AI-5), em dezembro de 1968, Edson testemunha as perseguições políticas a estudantes, os desaparecimentos de opositores ao governo, o processo de militarização da escola e a organização clandestina da resistência estudantil.
Em 1972, muda-se para o Rio de Janeiro em busca de oportunidade de trabalho. Sem sucesso, regressa a Salvador e presta o vestibular para o curso de Letras na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 1973, frequenta o Instituto Goethe de Salvador, onde estudantes discutem a questão da igualdade racial. Além disso, monta um grupo de estudos no curso de literatura, com pessoas negras e brancas. Em 1975, durante a greve de alunos na universidade contra o jubilamento dos estudantes, assume a liderança estudantil e é eleito presidente do centro acadêmico de Letras.
Em 1977, muda-se para Porto Alegre (RS) e passa a se reunir com grupos de escritores da cidade. No ano seguinte, regressa para Salvador, onde trabalha no jornal A Tarde. Em 1980, presta o vestibular para concluir seu curso de Letras na Universidade de Brasília (UnB) e trabalha na Revista Brasileira de Tecnologia, publicada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em 1981, aproxima-se do Movimento Negro Unificado (MNU) e se torna militante da organização. Em 1984, ingressa no Partido dos Trabalhadores (PT) e cria a Comissão do Negro do Partido dos Trabalhadores. Nesse período, a relação com o MNU de Brasília se desgasta, pois o movimento social na cidade tem posição contrária à inserção partidária.
Em 1987, Cardoso realiza o primeiro I Encontro de Negros do Partido dos Trabalhadores e, na mesma ocasião, edita em Brasília o jornal Raça e Classe. Nesse periódico, discute o problema racial das desigualdades entre negros e brancos em interface com os temas das injustiças econônicas e sociais.
Nos anos 1990, atua diretamente na construção da Marcha Zumbi do Palmares, que transcorre em Brasília em novembro de 1995. Em discurso no evento, defende que o Governo Federal abre a agenda do enfrentamento do racismo não apenas discutindo questões ligadas à cultura do país, mas desenvolvendo políticas públicas de caráter econômico e social de combate às desigualdades raciais.
Entre os anos de 1996 até 2010, cria o jornal Ìrohìn, que circula nacionalmente em forma impressa. O título da publicação remete à palavra da língua yorubá que significa notícia. Na segunda década do século XXI, Ìrohìn torna-se um centro de documentação e memória.
Na política institucional, a carreira de Edson é marcada pela participação ativa no mandato de Abdias do Nascimento (1914-2011) no Senado Federal e como assessor especial da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) durante a gestão de Luiza Bairros (1953-2016), ministra-chefe da Secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial entre os anos de 2011 a 2014.
Uma das principais referências da imprensa negra contemporânea e do movimento negro brasileiro, o jornalista Edson Cardoso é uma voz expoente contra o racismo e as injustiças sociais do país e, sobretudo, um defensor radical da democracia.