Criola


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foto: divulgação Criola

Atualização 13/04/2023

Fundada no Rio de Janeiro em 1992, a organização da sociedade civil Criola tem como objetivo defender e promover os direitos das mulheres negras. O trabalho do grupo tem caráter pioneiro e abrange ações na área da saúde da população negra, em especial de mulheres, contemplando pautas voltadas ao enfrentamento do racismo, sexismo, lesbofobia e transfobia. 

O início da década de 1990 é marcado pela mobilização do movimento de mulheres negras em torno do direito à saúde, envolvendo pautas de direito à vida, direitos sexuais e reprodutivos, bem como campanhas que denunciam o extermínio de crianças e jovens negros e contra a esterilização em massa de mulheres negras. A organização Criola surge como um desdobramento da participação de suas fundadoras nesse contexto, sendo uma das primeiras organizações a promover a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e do HIV/AIDS entre mulheres, tornando-se pioneira na construção e difusão de uma pauta robusta em torno da saúde da população negra, especialmente das mulheres. 

A atuação da organização perpassa ainda diversas áreas que tangenciam a área da saúde, como cultura, educação, trabalho e renda, enfrentamento da violência de gênero e raça, enfrentamento da intolerância religiosa, do racismo ambiental e da violação de direitos no sistema de justiça. Por meio da criação de espaços de debate, oficinas, atividades de formação e execução de diversos projetos, Criola promove a instrumentalização de mulheres negras, visando o seu reconhecimento enquanto agentes de transformação social. Destacam-se os projetos “Fortalecimento de redes de cuidado e proteção entre mulheres negras ativistas (Redes)” e “Vozes de mulheres negras pelo aborto: justiça sexual e justiça reprodutiva no Brasil”, além do curso de atualização “A teoria e as questões políticas da diáspora africana nas Américas”, realizado anualmente, do ponto de cultura Mulheres Negras na História e do acervo organizado e disponibilizado ao público na Biblioteca Gésia de Oliveira.

As ações da organização envolvem denúncias de violações de direitos, monitoramento de políticas públicas, fomento da mobilização social e da ação política. Nesse sentido, realizam análises e pesquisas, conduzem atividades de assessoria, promovem campanhas e cursos de formação teórica e política. Produzem livros, manuais, cartilhas e variado material impresso e digital de difusão de conhecimento e de iniciativas, os quais visam valorizar a produção e o reconhecimento da história das mulheres negras e a promoção de solidariedade, justiça, equidade e bem viver. Duas dessas publicações são O livro da saúde das mulheres negras (2000) e Mulheres negras: um olhar sobre as lutas sociais e as políticas públicas no Brasil (2010). A organização Criola fomenta também a formação de redes sociopolíticas diversas, atuando em parceria com outras organizações da sociedade civil, como agências nacionais e internacionais, instâncias governamentais e universidades.

Com o passar dos anos, a agenda institucional de Criola tem cumprido papel fundamental em diversos debates e iniciativas. Suas fundadoras e integrantes atuam como representantes da sociedade civil em diversos fóruns nacionais e internacionais, como conselhos de direitos, comitês e conferências envolvendo saúde, direitos da mulher, diversidade sexual e de gênero, direitos humanos e promoção da igualdade racial. 

Com ênfase na liderança de mulheres negras, Criola promove a visão interdisciplinar e transversal de agendas de defesa e promoção de direitos. Ocupa também espaço institucional de relevância e influência para a reflexão e a construção da agenda do movimento de mulheres negras contra o racismo, o sexismo e outras discriminações correlatas.