Cida Bento


04/02/1952

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Foto: Zanone Fraissat/Folhapress

Atualização 13/04/2023

Maria Aparecida da Silva Bento (São Paulo, São Paulo, 1952). Ativista, psicóloga. Nasce em 1952, na zona norte de São Paulo. Doutora em psicologia pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP) e cofundadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), é uma das mais relevantes intelectuais e ativistas do movimento negro brasileiro contemporâneo. 

Pesquisadora das relações entre raça, racismo e psicologia, ela se torna referência obrigatória nos estudos sobre branquitude no Brasil. Como ativista, participa das principais manifestações e campanhas de igualdade racial no país. Sua produção intelectual no debate público e na imprensa brasileira é fundamental para compreender e pensar a superação das desigualdades econômicas e raciais, já que dois pilares do desenvolvimento social são objeto de sua atuação e reflexão: a educação e o trabalho.

Como psicóloga ocupacional no setor privado, ao ocupar o cargo de executiva na área de recursos humanos, Cida Bento funda, em 1990, com Ivair Augusto Alves dos Santos (1950) e Hédio Silva Júnior (1961), o CEERT. O instituto é criado com o objetivo de produzir pesquisas, assessoria e projetos de intervenção no combate às discriminações raciais e de gênero, especialmente voltados para instituições como escolas, empresas e órgãos públicos. Nos primeiros anos após a fundação do CEERT, participa como coordenadora da área de combate à discriminação racial no Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra (CPDCN).

Em 2001, Cida Bento integra a delegação brasileira na 3ª Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, em Durban, África do Sul. Representando o CEERT, ao lado de outras mulheres negras líderes de organizações como Geledés: Instituto da Mulher Negra, Criola e Fala Preta, tem atuação fundamental para a ativa participação da delegação brasileira no evento e nas conquistas que se seguiram, abrindo espaços para a luta contra a discriminação racial na sociedade brasileira, com base nos compromissos assinados naquela ocasião.

À frente do CEERT, Cida Bento coordena iniciativas como o Prêmio Educar para a Igualdade Racial e de Gênero: experiências de promoção da igualdade étnico-racial em ambiente escolar, iniciado em 2002 e que conta com sete edições, com o objetivo de identificar e apoiar boas práticas pedagógicas e de gestão para valorização da diversidade nas escolas. Na área de educação, especialmente infantil, e relações raciais, realiza diversas pesquisas, publica livros e artigos em revistas acadêmicas e periódicos.

Além do interesse sobre educação e relações raciais, o mercado de trabalho é uma preocupação constante na produção intelectual de Cida Bento. A discriminação racial no mercado de trabalho é tema de sua dissertação de mestrado em psicologia social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em 1992, e da tese de doutorado em psicologia escolar e do desenvolvimento pela USP, em 2002. Sua tese, Pactos narcísicos no racismo: branquitude e poder nas organizações empresariais e no poder público, analisa a discriminação racial no mercado de trabalho, com enfoque para o grupo que define como “racialidade branca”. Com abordagem inovadora em sua pesquisa, centralizada na categoria branquitude, Cida abre novas perspectivas para o estudo das relações raciais no Brasil.

Dos muitos artigos em periódicos, revistas acadêmicas, livros e capítulos de livro publicados, destacam-se os livros: Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil (2002), organizado com Iray Carone, Cidadania em poreto e branco: discutindo as relações raciais (2002) e Identidade, branquitude e negritude: contribuições para a psicologia social no Brasil (2014).

Além de sua atuação no CEERT, Cida Bento também tem passagem por diversos conselhos consultivos e deliberativos de empresas e fundações. Atualmente, integra o Conselho Deliberativo do Instituto Ethos. É professora visitante na Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos, faz parte do Grupo Assessor da ONU Mulheres, da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia e da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo. Também atua como conselheira titular do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA).