Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as
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Fundada em agosto de 2000, a Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as) (ABPN) é uma associação civil, sem fins lucrativos, filantrópica, assistencial, cultural, científica e independente. Surge com a finalidade de reunir os pesquisadores negros brasileiros e fomentar o ensino, a pesquisa e a extensão acadêmica e científica, com foco na temática étnico-racial. Atua pela defesa da pesquisa acadêmica e científica realizada prioritariamente por pesquisadores(as) negros(as), sobre temas de interesse direto da população negra no Brasil.
O professor Henrique Cunha Junior (1952) funda e se torna o primeiro presidente da associação. A ABPN é concebida durante o 1º Congresso Brasileiro de Pesquisadores(as Negros(as) (Copene). O Copene, desde o seu surgimento, reúne pesquisadores em encontros nas mais diferentes partes do país, tornando-se um espaço de referência para pesquisadores de diferentes gerações. Em sua primeira edição [1], em Recife, Pernambuco, o congresso reúne aproximadamente 320 pesquisadores nacionais – de diversas regiões do país – e estrangeiros em torno do tema “O negro e a produção do conhecimento: dos 500 anos ao século XXI”, realizando um balanço da produção recente dos pesquisadores negros e negras e de estudos que lidam com temáticas relacionadas com a situação dos afrodescendentes. Além dos encontros nacionais, ocorrem os encontros regionais, que ajudam a estimular a produção acadêmica, integrando os pesquisadores e preparando-os para os eventos bianuais que ocorrem no país.
A associação mantém ainda algumas iniciativas para a divulgação e discussão científica, tais como a Revista ABPN, criada em 2010, sob a administração de Ana Flávia Magalhães Pinto (1979) e Eliane Cavalleiro. A revista é um periódico em versão eletrônica de acesso livre e gratuito, de fluxo contínuo e periodicidade trimensal, cujo objetivo é “dar visibilidade às discussões sobre relações raciais a partir da produção de pesquisadores(as) e intelectuais negros(as), bem como de outros(as) comprometidos(as) com a promoção da equidade racial e a produção de conhecimento sobre África e diásporas africanas, em escalas nacional e internacional” [2]. Além dessas iniciativas, a ABPN mantém uma agenda de lives, cursos e transmissão de eventos em seu canal no YouTube.
Em 2020 a associação promove o curso “Negritude brasileira ocupando o mundo – como fazer pós-graduação nos Estados Unidos?”, com o propósito de explicar as etapas dos processos seletivos e ampliar as oportunidades de pesquisadores negros e negras interessados em ingressar em cursos de pós-graduação no exterior. São oito aulas, algumas fechadas para inscritos e outras disponíveis de forma aberta no YouTube.
A associação lança, no segundo semestre do ano de 2021, a Escola de Políticas e Ações Afirmativas (EPAA), um curso de formação acadêmico-científica e política, com intuito de incidir sobre o processo de renovação da lei n. 12.711/2012, a chamada “lei de cotas”. A iniciativa é um desdobramento das webconferências do Consórcio Nacional de Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros (Conneabs) de 2020, responsáveis por definir a construção de uma agenda científica e política capaz de avaliar as perspectivas das ações afirmativas para além de 2022, ano da revisão da lei de cotas, e propor medidas para que elas sejam aprimoradas na próxima década (2022-2032).
A ABPN se destaca como uma das grandes fomentadoras do debate em prol da instituição e manutenção das políticas de ações afirmativas no Brasil e na América Latina. Tem tido representação ativa em diversos órgãos governamentais, inclusive em conselhos e fóruns científicos, como a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), o Conselho Nacional de Educação e o Comitê Técnico de Saúde da População Negra do Mato Grosso do Sul.
Diversos pesquisadores e intelectuais negros passam pela gestão e diretoria da ABPN, entre eles a professora Lídia Cunha, cofundadora e idealizadora da organização, gestora no período de 2000 a 2002. Em 2020, o professor Cleber Santos Vieira assume a presidência da organização, que já reúne cerca de 1.500 pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento, das ciências exatas às humanas, passando pelas áreas tecnológicas e de saúde.
Contribuindo com o desenvolvimento sociopolítico e cultural da sociedade ao priorizar o debate étnico-racial em todas as áreas de pesquisas, a ABPN se consolida como um dos órgãos fundamentais da rede de instituições que atuam no combate ao racismo, na divulgação científica, na articulação social e na formação de lideranças. Cumpre, assim, com o objetivo de fortalecer profissionalmente pesquisadores/as negro/as e consolidar campos temáticos de pesquisas caros para essa população.
Notas
[1] As edições seguintes do congresso são realizadas nas seguintes cidades: Recife (2000), São Carlos (2002), São Luiz (2004), Salvador (2006), Goiânia (2008), Rio de Janeiro (2010), Florianópolis (2012), Belém (2014), Dourados (2016), Uberlândia (2018) e de forma remota em 2020.
[2] REVISTA ABPN. Goiânia: Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as, 2010. Disponível em: https://abpnrevista.org.br/index.php/site/index. Acesso em: 8 out. 2021.